sábado, 28 de setembro de 2013

De olho no linhão de Belo Monte, CEMIG contrata consultoria de ex-diretor de estudos de transmissão do governo



A TAESA, braço de transmissão de energia do grupo mineiro Cemig, contratou a consultoria italiana Cesi para assessoria técnica na preparação de uma proposta para arrematar a concessão da linha que precisará ser erguida para escoar a geração da hidrelétrica de Belo Monte. A usina está sendo instalada no rio Xingu, com previsão de produzir eletricidade em 2015, mas o leilão para definir a responsável por construir e operar a linha deve ser realizado ainda neste ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Os italianos, que operam no Brasil desde os anos 70, mas só agora abriram escritório no Rio de Janeiro, contrataram para administrar a operação no Brasil o engenheiro Paulo Cesar Vaz Esmeraldo. Mestre pela UNIFEI, Esmeraldo tem mais de 35 anos de atuação no setor e, em seu último cargo, foi superintendente de estudos de transmissão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

A EPE é um órgão do Ministério de Minas e Energia responsável por elaborar estudos sobre a expansão da oferta de energia e da transmissão. A instituição define as tecnologias que serão utilizadas, os projetos que participarão de leilões e outros detalhes técnicos. Em agosto deste ano, a EPE divulgou um dossiê sobre o projeto mais visado do setor de transmissão nos últimos anos - justamente o linhão de Belo Monte.

Além da TAESA, outras empresas estão de olho no empreendimento - CTEEP, Alupar, grupos espanhóis e a chinesa State Grid estão atentas. A State Grid, inclusive, contratou diversos técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) - órgão sem fins lucrativos criado pelo governo para realizar a gestão do sistema de energia no Brasil. Agressiva, a empresa chinesa é uma das companhias com maior faturamento no mundo e, por aqui, chegou por meio de aquisições bilionárias, parcerias com estatais locais (com Furnas e COPEL) e lances com altos deságios em leilões.

O projeto de Belo Monte atrai os investidores devido ao alto investimento exigido, que significa também uma alta contrapartida. O caráter estratégico do empreendimento também deixa o governo de olho. A Eletrobras se movimenta para estar nos consórcios que vão disputar a linha por meio de suas subsidiárias, mesmo que como minoritária. Uma das empresas da holding, Furnas, já é sócia da State Grid em projetos que estão em instalação.

A tecnologia a ser empregada no linhão é inédita no Brasil e, no mundo, só é utilizada por países como China e Rússia. São as linhas em +-800kv corrente contínua, ideais para transmitir por longas distâncias e com poucas perdas de energia, características importantes para trazer a geração da região Norte para o Sudeste do país, onde se concentra o consumo.

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