O pacote de medidas para reduzir as tarifas de energia em
cerca de 20% já custou ao governo federal um total de R$21 bilhões para cumprir
e manter os descontos, que haviam sido prometidos em setembro do ano passado. A
conta, porém, ainda não fechou. Faltam R$7,5 bilhões só em indenizações a serem
pagas a empresas que aceitaram renovar antecipadamente concessões de hidrelétricas
e linhas de transmissão que venceriam entre 2015 e 2017. A redução tarifária
foi alcançada porque os novos contratos foram fechados com preços muito menores
que os anteriores.
As indenizações são devidas porque os ativos
não estavam totalmente amortizados e a nova tarifa não contribuirá para quitar
investimentos anteriores – cobrirá praticamente apenas custos de operação e
manutenção. Os R$7,5 bilhões em indenizações que ainda precisam ser pagas não
consideram um montante extra prometido pelo governo às empresas de transmissão e
ainda não calculado. Estima-se que o valor para essas companhias ficaria entre
R$10 e R$15 bilhões extras, o que levaria os “restos a pagar” para algo entre
R$17,4 e R$22,4 bilhões.
Para cumprir com essa série de obrigações, o governo fez uso
de fundos do setor elétrico formados por cobranças feitas ao longo dos anos nas
contas de luz dos consumidores. A Reserva Global de Reversão (RGR), que foi
criada justamente para pagar eventuais indenizações quando do fim de
concessões, foi praticamente zerada. De um saldo de R$15,2 bilhões em janeiro,
sobraram no final de agosto somente R$13,8 milhões.
A Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), por sua vez,
foi usada para manter o desconto tarifário prometido mesmo após algumas
empresas, como CESP, CEMIG e COPEL, não aceitarem renovar suas concessões com
as tarifas propostas pelo governo. O fundo também bancou os custos da geração
termelétrica, que explodiram neste ano devido à falta de chuvas e ao baixo
nível do reservatório das hidrelétricas.
A CDE contava com R$2,4 bilhões em janeiro, mas precisou
gastar cerca de R$9,6 bilhões neste ano. Para isso, precisou ser capitalizada
pela RGR – que transferiu R$4,9 bilhões para sua conta – e pelo Tesouro Nacional,
que emitiu títulos de dívida pública (LTNs e NTN-Fs) para engordá-la. No total,
foram R$4 bilhões em títulos, com vencimentos programados para entre 2014
(principalmente) e 2021.
Outra possibilidade de créditos para a CDE é por meio da
venda, pelo Tesouro, de recebíveis que a União tem junto à hidrelétrica binacional
de Itaipu. Neste ano, o Tesouro vendeu ao BNDES um total de R$1,9 bilhão em
recebíveis, sendo que o montante pode capitalizar a CDE.
Só para piorar a situação, tanto RGR quanto CDE tiveram
perdas com aplicações financeiras neste ano. Foram R$68,2 milhões em prejuízos,
valor baixo perto dos gastos totais de ambos os fundos neste ano, mas que é
próximo dos R$83 milhões que restavam em ambas as contas no final de agosto.
Fonte - os dados da matéria podem ser checados nas planilhas de desembolsos da CDE e da RGR, no site da Eletrobras; e no Diário Oficial, onde saíram os registros das operações do Tesouro.
Fonte - os dados da matéria podem ser checados nas planilhas de desembolsos da CDE e da RGR, no site da Eletrobras; e no Diário Oficial, onde saíram os registros das operações do Tesouro.
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