domingo, 25 de agosto de 2013

investidores de energia eólica em festa com resultado de leilão promovido pelo governo na sexta (23)



O leilão de energia de reserva, que foi promovido pelo governo na última sexta-feira (23/8), resultou na contratação de 1.505 MW em usinas eólicas, que geram eletricidade a partir do vento. O preço médio a ser pago por elas ficou em R$110 por MWh produzido, em contratos de 20 anos.

O resultado foi muito comemorado pelos investidores de energia eólica. Até porque em um leilão anterior, no final do ano passado, usinas venderam a produção futura por uma média de R$91 por MWh e apenas 574 MW foram comprados. Elbia Melo, a executiva que preside a ABEEólica, associação que reúne as empresas do setor, abriu um vinho. Depois, escreveu no Facebook que "não existe nada melhor nessa vida do que a sensação de dever cumprido". E qualificou o resultado do certame como "excepcional".

O deságio médio do leilão eólico foi de 5,5%, contra uma média de 18,5% em 2012. Em 2011, um certame chegou a um preço médio de R$102. Os resultados apontavam para uma queda seguida e forte da tarifa praticada pelas eólicas desde 2009, quando a fonte foi contratada pela primeira vez, por uma média de R$148 por MWh.

Na Casa dos Ventos, empresa que desenvolve projetos eólicos, os funcionários foram todos para uma confraternização e ficou só o segurança. Na Renova, o resultado também foi muito bem recebido. Na Eletrobras, que foi a maior vendedora do leilão com as subsidiárias Chesf e Furnas, releases foram disparados para a imprensa exaltando o feito.

Os investidores eólicos reclamavam que as margens vinham sendo comprimidas com as tarifas baixas, embora estas fossem fruto da própria disputa entre as empresas do setor. Em eventos, fabricantes de equipamentos criticavam publicamente a concorrência feroz nos certames. Havia quem falasse que os próprios agentes estavam "prejudicando a sustentabilidade" da energia eólica.

Realismo na tarifa e política industrial
O governo também tem motivos para comemorar, mesmo que a tarifa do leilão não tenha ficado tão baixa quanto em anos anteriores. Novas regras, como a exigência de certificação de vento mais rigorosa (conhecida como P90) para as usinas e a restrição de que os parques vencedores deviam ter acesso já garantido à rede de transmissão, ajudaram a frear a queda de preços. Mas também garantiram mais segurança para o governo de que os contratos serão cumpridos.

Afinal, parte das usinas eólicas contratadas em 2009 e 2010 está pronta, mas não gera energia porque a linha de transmissão para escoá-la ainda não foi construída. (A ironia é que as linhas estão a cargo da Chesf, uma estatal, e o governo, ao realizar o leilão, colocou uma cláusula que garante que no caso de não haver linhas as empresas receberão como se estivessem produzindo - o que hoje faz o consumidor brasileiro pagar uma energia que não existe.)

Outro fator importante é que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) fez exigências de produção nacional de equipamentos para financiar a compra de turbinas eólicas pelas usinas. Já se temia que tais regras pudessem aumentar os preços nos leilões. Mas o governo considera positivo o fato de estar construindo uma cadeia produtiva de energia eólica no Brasil. Afinal, é uma tecnologia de ponta, que atrai capital estrangeiro e gera até exportações para outros países latinos.

E tem dado certo, afinal quase uma dezena de fabricantes chegou a tentar se instalar no País - GE, Alstom, Impsa, Siemens, Wobben, Fuhrlander, Gamesa , Suzlon, Vestas e Acciona. Uma empresa industrial brasileira, a WEG, até fez uma joint venture com espanhóis para começar a fabricar turbinas de vento. Com as novas regras do BNDES, alguns desses players devem desistir do Brasil. Mas isso é visto como natural até pelos investidores eólicos, que não acreditavam haver mercado para sustentar tantos produtores.

Por fim, a disparada do câmbio era um fator extra que aparecia como possível risco ao leilão eólico, um vez que cerca de 30% dos equipamentos para os parques são importados. No ano passado, época do último certame, o dólar estava na casa dos R$2, contra a oscilação mais próxima dos R$2,40 nos últimos dias.


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